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Alpendre conhecido

Fotos: Rovênia Amorim
Faz um tempo que entrei por acaso num restaurante na 406 Sul, chamado Alpendre. Atraiu-me a simpatia na simplicidade. Enquanto almoçava, li um texto naquele papel descartável sob o prato que substitui os forrinhos de tecido. 

"Houve um tempo em que as casas tinham alpendres e a televisão ainda não exercia poder absoluto sobre as famílias. Era dali que se observava a vida que caminhava mais lentamente do que agora. Eram também ali que à tarde contavam-se histórias, aconteciam os namoros. Eram salas de visitas com floreiras e samambaias. Lugar de contar casos enquanto se esperava pelo café..."

O texto levou-me à infância, às tardes das férias na casa de fazenda dos meus avós. Era realmente no alpendre onde nós crianças almoçávamos a comida feita no fogão à lenha, onde brincávamos com os gatos e cachorros mansos e cheios de pulga e onde eu abria os olhos maravilhada como os "causos" inventados pelo meu avó frágil e engraçado, cabelos brancos e bravo demais, mas só com os adultos.

A dona do restaurante é uma jovem, formada em nutrição, de lindos cabelos lisos e bem pretos. Perguntei-lhe de quem era aquele texto. A resposta foi uma decepção:

- Achei procurando na internet. Não tinha autor...

Fui embora com aquela curiosidade latente na minha cabeça. Fiz como ela  disse e fui procurando por "alpendre" no Google. Achei o texto do papel na apresentação do blog da Ana Maria Vargas, uma mineira que escreve pouco no espaço virtual, mas escreve bem. Enviei-lhe um e-mail contando como achei o seu texto. Pedi-lhe autorização para contar aqui a história e o talento que esbarraram na minha curiosidade. 

Não sei o fim desta história, mas bem merecia terminar com cafezinho quentinho no alpendre e o merecido nome da blogueira Ana Maria sob o meu próximo almoço. 


16 comentários:

  1. E se não tinha alpendre as cadeiras eram colocadas nas calçadas. Conversa "comprida", um trabalho manual abandonado no colo, as crianças brincando na rua. Tinha também pernilongo, o olho invejoso da vizinha que não se sentiu convidada para aquele encontro e a trabalheira de guardar todas as cadeiras quando escurecia. E ser obrigada a tomar outro banho porque havia suado muito nas brincadeiras de pique-esconde.

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  2. Alpendre, não sabia o significado dessa palavra.
    Obriga por me me ensinar.
    Vou adorar usar e explicar por ai :)

    Tem um tom, um som, uma elegância a palavrinha e é sinônimo de aconchego, simplicidade. Legal isso!

    Cadeiras, conversas, histórias, café, pão com ovo, bordados, gaita, violão, gatos, filhos, idosos, casais, nos alpendres, nas calçadas que vire moda nos grandes centros e que não deixe de virar onde a vida segue igual sem ser finitamente virtual.

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  3. Rovênia, cheguei até aqui através do blog da Tina. Vivi essa época da minha infânci. Pequeno, ficava de cócoras sobre o fogão de lenha enqto a minha tia-avó pilava o arroz e meu tio-avó ralava o coco para a preparação do cuscuz de arroz.
    Ressalto e parabenizo pela tua busca da autora do texto. Confesso que por um momento senti-me no alpendre ao vir aqui. Bjos e boa semana.

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  4. Ahhh que lindo!! E se NINGUÉM te chamar pra um novo almoço lá, me chama que eu vou...rs.


    (amanheci enxerida )

    Rô, releve...rs



    Beijo

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  5. Na minha casa tinha alpendre... hj não tem mais. Ninguem fica na porta de casa mais...

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  6. Rô, adoro tudo que lembra infância...e esse texto me fez viajar no tempo... que delícia! Também lembrei dos meus cachorrinhos pulguentos.:))Beijos!!!

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  7. Que interessante. Hoje em dia as pessoas não pegam nada pela história, só pq acharam uma coisa legal na net... muito comum e, ao mesmo tempo, decepcionante porque vc espera comer num lugar histórico, isso tem um peso muito grande na escolha.

    KisU!

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  8. Adorei ver a tua curiosidade que afinal descobriu a autora ! Lindo isso e tomara possam tomar um café por lá! bjs às duas,chica

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  9. Como esta vida é brincalhona. A mim parece esta experiência fala da boas oportunidades que estas duas formas de aproveitar a vida nos possibilita. É bom termos mais tempo para conversar frente a frente com os nossos. E também é bom termos com os meio digitais meios de conhecer pessoas ou fatos que antes nós não saberíamos.
    Basta sabermos aproveitar estes dois tempos de nossa vida!

    Adorei Rovênia!
    Beijos!

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  10. Encontros inusitados e leves como os que aconteciam no alpendre de tua infância!
    Adorei a maneira como tudo se mostrou.
    Beijo!

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  11. Rovênia, fiquei feliz que o acaso tenha te levado àquele restaurante e a sua curiosidade ao meu blog. Assim, virtualmente, nos conhecemos e eu pude conhecer também todas as coisas maravilhosas que você escreve.
    Eu te agradeço por tudo e, hoje, um pouco mais, por esta crônica! Um grande abraço.

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  12. Muito interessante esta história Rovênia. Me faz refletir muito sobre a vida!

    Um abraço pra você. Grata por seguir meu blogue!

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  13. Que coisa linda! Eu adoro encontrar esse tipo de surpresa, onde a gente nem tá esperando que elas estejam.

    Um beijo
    www.fizdecanetinha.com

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  14. Olá Rovênia, que post legal. Você falou de algo que eu vivenciei e tenho muita saudade. Quando morei no interior do Rj,foi em uma casa enorme e esta, tinha um alpendre delicioso. Fazíamos tudo lá...Era onde a família mais gostava de estar.
    Obrigada por trazer esta linda recordação que deixou tanta saudade .
    Beijo no coração e maravilhosa semana.
    Maura

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  15. Fui correndo visitar o alpendre da Ana Maria, no blog. Talento inegável, o dela.

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  16. Muito bacana essa oportunidade que estamos tendo na comunicação, basta um click uma pesquisa e temos em maõs muita informação muitas coisas boas _ Caetano disse em certa ocasião que a internet é uma lixeira _ encontramos nela muito lixo e muito mais ainda em preciosidades escondidas.
    É verdade.
    Gostei _ e sabia de alpendres ...
    abraços

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