"A resignação é um suicídio cotidiano."
(Balzac)
Ilustração de Luiza Albertini |
A luz da lua espantava a
noite, havia um sapo por ali. Alguém viu. Os casais brindavam o novo ano,
libertando a mente. Até que a moça de olhos verdes, sentada, fala sem pressa, a
mais consciente por goles a menos, disse o impensável:
- Pois eu me considero uma
pessoa normal.
Os demais libertos riram,
num coral de desacordo.
O que é exatamente ser
uma pessoa normal? Quem é normal perto de você? Aqueles que se portam conforme
as regras? Ou são esses os mais anormais? Normais seriam os que deixam explodir
seus pensamentos, suas críticas, suas verdades e danem-se as regras, as convenções?
O que se passou naquele
instante na mente daquela mulher de olhos verdes? Teria concluído a
anormalidade dos demais? Não riu, não
disse mais nada. Guardou para si o pensamento. Resignou-se.
Não deveria, mas quantas circunstâncias nos trazem esse silêncio da moça de olhos verdes...
ResponderExcluirÉ uma boa reflexão, um convite eu diria à não-resignação.
Beijo
Lindíssimo texto, Rovênia, além da ilustração perfeita.
ResponderExcluir"...de perto ninguém é normal" (Caetano)
Vi um gole de esperança na cor dos olhos da mulher que se considerou normal.
Rovênia, a moça de olhos verdes teria toda a condição de se impor perante os outros, contudo ela achou que ia dar "Pérola aos porcos".
ResponderExcluirNão compensava falar. Infelizmente a falta de manifestação gera um consentimento (quem cala consente) que pode ser importante para ajudar ou prejudicar. Precisamos amadurecer para sair de cima do muro.
Um abraço
Manoel
É difícil definir normalidade, não?
ResponderExcluirMas normal é, em geral, aquilo que se encaixa em padrões. Falando-se em padrões eu não poderia deixar de carregar a palavra impostos. São padrões impostos que definem a normalidade...
Um exemplo da obra literária clássica brasileira é O Alienista. Um médico que constrói uma casa para loucos. Mas há um certo equívoco nas internações. A definição de louco é "fora do normal". É um livro excelente.
Muito bom ler seus escritos.
Abraço!