Pele cor do Brasil, cabelos fartos com cachos negros e sem
brilho, bigode bem aparado, o seu Edson era um sujeito estranho. Dono de bom
papo, fala gostosa, bem-humorado. Era um motorista que não deixava se
contaminar pelo estresse no trânsito. Isso era bom, muito bom.
Mas era só a gente descer do carro para ele se
transfigurar. Fechava rapidamente os vidros e não importava se o sol estivesse
nos seus dias mais quentes. Ele ficava lá, trancafiado, o suor escorrendo pelo
rosto. Quando a gente chegava, ele se aliviava, descia os vidros para o vapor
sair e sorria. Sentia-se a salvo.
Dizem que esse pavor de ficar só brotou na
selva amazônica. Vestido de soldado, procurando refúgio na floresta úmida, ele
precisava sobreviver aos bichos e aos militantes da esquerda.
Na sua casa simples que o dinheiro pôde comprar havia
conserva de cobras em potes de vidro – répteis que ele aprendeu a saborear para
sobreviver à Guerrilha do Araguaia.
Medos, que muitas vezes não conseguimos nem imaginar que existam...
ResponderExcluirBeijo
Vitorioso, Seu Edson. Sempre que sobrevoo a floresta amazônica, mesmo cá embaixo já em Mato Grosso, fico imaginando quantos mundos existem naqueles braços de rios e naquelas extensas áres de mata fechada.
ResponderExcluirÓtima terça para você, Rovênia.
Um Herói e daqueles de emocionar té os pelos dos braços!
ResponderExcluirUm abraço bem apertado pra ti Rovênia!
Tipo de pavor que a gente espera nunca sentir, mas que às vezes nos aparecem nas mais simples e inusitadas situações... teimo em pensar que a nossa maior prova de sobrevivência é o sobreviver a si mesmo!
ResponderExcluirAdorei aqui, vou ler os outros textos. Abraços
Queria saber mais coisas..o que o medo faz com a gente e a maneira de nos comportarmos. Abraços. Sandra
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