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A evolução...


Miró: Woman before the luna, 1974


Não queria entrar na polêmica, mas ficar fora dela é algo que não cabe em mim. Somos todos macacos! Não, Neymar. Cientificamente é errado afirmar isso. Macacos e homens tiveram um ancestral em comum. Não evoluímos como espécie, portanto, a partir do macaco.

Porém, discordo que somos todos racistas. Eu seria racista por quê?  Não reparo na cor, reparo na inteligência. Foi assim que me apaixonei pela primeira vez. O meu namorado, por acaso, era negro. Mas poderia ser verde, lilás, listrado ou albino. Se o Brasil carrega racismo? Carrega. É visível. Infelizmente. Mas generalizações contêm equívocos, geram a própria discriminação. 

Se a mídia nos torna racistas? Não podemos esquecer dos grandes jornalistas negros deste país e sua luta abolicionista, entre os quais Joaquim do Patrocínio e Luís Gama. E outros tantos brancos, como Joaquim Nabuco.

Somos, sim, todos vítimas de preconceitos variados. Somos discriminados por sermos gays, mulheres, baixos ou altos demais, feios, bonitos, pretos, loiros, ruivos. Somos discriminados por sermos magros ou gordos demais, pelo nome diferente, por sermos inteligentes ou sabermos menos. Somos discriminados pela nossa formação, por nos vestirmos bem ou por nos vestirmos mal. 

Somos discriminados pelo local onde moramos, por termos vindo do interior, pelo carro que temos ou não temos, pelas roupas caras ou baratas que compramos. Somos discriminados por estudar em escola pública, em escola militar ou numa particular qualquer. Somos discriminados pela voz fina ou grossa demais, por sermos pessoas com deficiência, por usarmos roupa curta ou burca. Somos discriminados e discriminamos por sermos brasileiros!


P.S.: E temos a pretensão de querermos nos comparar aos macacos? Somos humanos, piores, portanto. Destruímos o planeta e, nem assim, vivemos melhor. Precisamos evoluir muito para chegarmos a macacos.  (Pensamento construído em discussão com meu amigo João Neto).

Semeando leitura

Ilustração de Virgínia Caldas


Pois me beijaram a boca e me tornei poeta
Mas tão habituado com o adverso
Eu temo se um dia me machuca o verso
E o meu medo maior é o espelho se quebrar

(João Nogueira)






Temos um blog, escrevemos, nos revelamos, mas nos escondemos também, não é? Já confessei, aqui, algumas vezes, a minha timidez. Nunca quis ser jornalista de TV por não gostar de falar, embora eu fale bastante. Tanto que quase não deixei a entrevistadora fazer perguntas. 
Se tiverem paciência, abaixo o link de uma entrevista ao Canal E, TV Educativa da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Um convite que me fizeram por conta do livro O caderno da Menininha. Assim, não me escondo de vocês! 

Segue o link da entrevista:


Bom fim de semana!

Palavra amiga



Ilustração de Mónica Carretero

Abraça-me, a tristeza
Favor fortuito, gratuito
Envolve-me, aconchega-se
Permite descobrir-me

Volto-me a ela, calada
isolada, tão lá no texto
um tão quanto num todo
sem vida exclamada

Fora dele, é toda dona
boba, que chora e canta.
Acaricio-a, pelo tempo
sem horas, apaziguo-me

Fecho os olhos,
choro duas lágrimas
Prezo assustá-la
E ela, com cócegas,
sorri-me, apenas


(*) Queridos, desculpa o sumiço. Sempre que dá, estou fazendo visitas, mas estou afundada nas palavras. Boa semana!

Tentação à prova


Experimentos em ciências sociais já foram feitos para mostrar o quanto o prazer pode ser adiado diante da perspectiva de recompensa em dobro. 

Divirtam-se!


Sem tradução



Foto: Renato Alves
A presença dos amigos não tem preço. Obrigada a todos que desembrulharam um tempinho no domingo e foram até a bienal de Brasília. Mas, emoção mesmo, foi ouvir a pergunta da linda menininha sentada na primeira fila e que,  imperdoavelmente, não gravei o nome. 

Após apresentar-me e contar uma história, deixei que o público interagisse e fizesse perguntas. A menininha levantou o dedo e quis saber:

- Quero ser escritora como você quando eu crescer. Como faço?

Qualquer coisa que eu escrever aqui não descreverá a minha felicidade naquele instante. As palavras nem sempre servem para traduzir sentimentos, não é mesmo?

Cliquem aqui para quem quiser ler a matéria publicada pela Agência Brasília, da qual a Clara, uma das minhas gêmeas, é a estrelinha da foto! 

P.S.: E como todos que participaram da promoção da postagem anterior não acertaram a resposta, o primeiro ou a primeira que comentar este post leva o livro. Ora, toda Menininha tem um nome, não é mesmo? 

Café Literário


Ilustração: Virgínia Caldas
Neste domingo, às 14h30, estarei no Café Literário Jorge Ferreira, na Bienal de Brasília, para lançar o livro infantil O caderno da Menininha. Fica o convite e a minha alegria em recebê-los. 

Das dez histórias da Menininha, a que mais gosto é a Zé Tinino. Ele era um doido do bem, que só queria saber se estava tudo bem com as crianças da rua. Até o dia em que um menino arriscou-se a dizer que não estava tudo bem. E então...

Bom, para vocês meus amigos aqui do blog, fica o desafio. Quem acertar, ganhará de presente o livro autografado. Qual seria o nome dessa Menininha? 

(   ) Menininha, claro!
(   ) Amélia
(   ) Rovênia
(   ) Só lendo para saber!


Bom fim de semana!

Ausência


Ilustração: Pinterest
As páginas sugam-na, fazem-na imergir cada vez mais profundamente. Segue atrás do que virá como quem é atraído por uma paixão e não pode, e não quer, se desvencilhar. 

Ele nota, mas não diz nada. Aguarda a volta, mas ela não emerge, aprofunda-se mais nas palavras que a confundem, que a desafiam, que correm e proliferam-se infinitamente. 

A curiosidade, a obrigação, o prazer afugentam o sono. O tempo, ao lado, pinga, pinga. Incômodo bem real.

Ele chega mais uma vez, não diz nada, deixa um sorriso silencioso. Ela vai-se mais uma vez.  Longe, ouve as gargalhadas, o barulhinho de quem brinca. 

Levanta-se para respirar, olha-se no espelho. Não responde ao que vê. Fecha, novamente, os olhos ao mundo.  

Nesses tempos

... de políticas incertas, esbarro nos versos literários. 
Deixo-os aqui, como pausas de um calmo balançar de pé. 
Um balançar que não se nota porque o momento é o do pensar.
Um pensar de tristes.  



"O poeta municipal discute com o poeta estadual
Qual deles é capaz de bater o poeta federal
Enquanto isso o poeta federal tira ouro do nariz"

(Política literária - Carlos Drummond de Andrade).