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Não perca o humor




Nesta última quarta-feira, às 12h10, ouvi algumas frases:
- “O Chico (Anísio) numa semana e agora, o Millôr (foto)? O humor está morrendo no Brasil!”
A frase é de uma jornalista que trabalha comigo e foi dita, assim, de improviso, na saída para o almoço.

Às 16h20, a tevê ligada na Globo News e a reportagem interessante sobre Millôr Fernandes. Interessante porque não tinha como ser diferente. Millôr é mais que interessante. A começar pelo próprio nome, com grafia confusa. É o registro do humor que nasce na certidão de nascimento. E não é que foi ele o inventor do frescobol? Essa é boa, não?

“Viver é desenhar sem borracha!”

Frase de Millôr que encerra a reportagem ...   Faz a gente refletir, não?

Às 17h, voltam a falar de Millôr na Globo News e uma outra frase dele é relembrada. Mais ou menos assim:

“Não quero viver num mundo em que não se pode fazer piada.”

Sem pensar muito, soltei em alto brado mais uma das minhas reflexões imediatas:

- Então foi na hora certa. No mundo de hoje não se pode mais fazer piada!

17h10 – A minha deixa virou assunto para debate entre os jornalistas.

- É mesmo. Hoje em dia, não se pode fazer piada, por exemplo, sobre negros. Eles são afrodescendentes!!!

Às 17h15, falei então da exposição dos Zeróis, do Ziraldo, que pode ser vista até 29 de abril no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República.  É de graça e imperdível.




Entre as telas pintadas pelo cartunista há uma do “Superafrodescendente”, ou seja, é o super-homem negro. Puro humor desenhado. O bom é que a gente até aprende a nova ortografia da língua portuguesa.

 
Insert 1 -  E como no nosso dia a dia (assim, mesmo sem hífen) vivemos no contexto multimídia, lá vai uma dica preciosa para escrever corretamente: o site www.ortografa.com.br permite consultar palavras de acordo com as novas regras. É só digitar para ter a correção.

Às 18h, em reportagem na tevê, salta a frase do próprio Ziraldo, 79 anos, amigo de Millôr:

Ele era um filósofo. E o seu método era o humor!!!

Assista ao vídeo e reflita se Ziraldo fez a tradução correta:





Insert 2 -  Clique aqui para saber um pouco mais sobre Millôr Fernandes.

Lá encontrei mais essa frase dele, que achei tudo a ver com a charge (também dele)!

“Eu sei sempre do que é que estou falando. Tirando isso não sei mais nada.”



O início, o fim e o meio


Não importa a geração, todo brasileiro sabe cantar um verso de Raul Seixas. Eu vi a figura de Raul pela primeira vez no especial da Globo em que ele cantava Plunct, Plact, Zum. Cantei depois essa música do "Carimbador Maluco" com o Matheus, hoje com 16 anos, e depois com as gêmeas, agora com 7 anos. 




Mas quem é esse brasileiro que se tornou mito, lenda da nossa música? Imperdível reservar um tempinho na agenda para assistir nos cinemas ao documentário sobre a vida intensa desse artista, que era fã de Elvis Presley.
O filme traz depoimentos de Paulo Coelho, Pedro Bial, Tom Zé, Nelson Motta e Caetano Veloso, além das ex-companheiras de Raul. Paulo Coelho conta tudo, das drogas que apresentou ao amigo aos rituais de sacrifícios de bodes que participaram juntos. E lamenta não ter participado da composição de Metamorfose.

 



Caetano canta Ouro de Tolo e elogia a poesia genial da música.



  




São várias as passagens de arrepiar, principalmente o período de ostracismo, quando as gravadoras já não davam espaço para suas músicas. Raul Seixas foi resgatado por Marcelo Nova, vocalista da banda Camisa de Vênus que o levou a se apresentar em companhia do grupo.
Mesmo abatido pelo alcoolismo e diabetes, o último show da série dos 50 shows foi em Brasília, em agosto de 1989 no Nilson Nelson, nove dias antes de morrer. Embora a entrada fosse franca, apenas 3 mil pessoas assistiram. E afinal, qual a música que você mais curte de Raul? Tem gente que vota em Maluco Beleza. Difícil escolher, não?



 

Bullying na Turma da Mônica




Uma das minhas filhas gêmeas, a Bruna, adora ler revistinhas da Turma da Mônica. Fico até com raiva às vezes, na hora da pressa. Mas ela se deixa absorver pelos quadrinhos e lê rápido, rapidinho, e se diverte soltando um riso gostoso. Mas, esta semana, no carro a caminho para a escola, a Bruna, com mais uma revistinha na mão, perguntou-me o que era “rolha de poço”.
            -  Rolha de poça é um xingamento, filha. É quando alguém quer dizer que o outro é gordinho. Mas não é uma coisa bonita de se dizer, Bruna. A outra pessoa fica chateada, triste.
            - Ah, mãe, o Cebolinha xinga a Mônica de rolha de poço e de dentuça. Isso não é legal, né? E a Mônica erra também quando bate no Cebolinha. Ele deveria conversar com a professora.
            Não fosse essa conversa não teria percebido como o bullying é comum no nosso dia a dia. Lembro que por causa do Matheus, meu filho mais velho, quando estava no 7º ano, fui chamada na escola porque ele e a turma estavam chamando um coleguinha acima do peso de “peixe gordo”. Era bullying e, nós pais, tivemos de conversar e interferir para que a brincadeira parasse. Acabou aí uma amizade de um menino que chegou a frequentar a nossa casa.
            O bullying pode ter consequências sérias e os especialistas em educação já sabem disso. No Portal do Professor, do Ministério da Educação, achei uma sugestão de aula da professora Aline Rodrigues Cantalogo, de Uberlândia (MG), para os anos iniciais do ensino fundamental. Segundo ela, é comum no cotidiano escolar que crianças falem mal e agridam física e psicologicamente os amigos, inventando apelidos. Para eles, é mais uma brincadeira. 
              “Por isso, é  importante trabalhar com as crianças a diferença entre o brincar e as práticas de bullying”, afirma. Ela sugere que os professores utilizem em sala de aula um vídeo do aniversário da Mônica: “Venha à minha festinha”.




Neste vídeo, da Turma da Mônica, as atitudes dos personagens Cascão e o Cebolinha deixam a Mônica chateada ao utilizarem apelidos como baixinha e gordinha . Crianças bem esclarecidas serão mais amigas e evitarão as brincadeiras do bullying. Outra sugestão da professora é que as crianças assistam a uma reportagem do programa Altas Horas, que apresenta o relato de um menino vítima do bullying. Garanto que a turma não vai achar graça alguma!




Bom, se você é professor e quiser acessar a aula da Aline, segue o endereço:


Ainda bem que o tempo passa


           
Tim Maia morreu em 15 de março de 1998. Lá se foram 14 anos... No dia em que ele morreu, eu estava trabalhando na redação do Correio Braziliense quando houve comoção geral dos jornalistas. “Eu nem gostava assim tanto dele”, lembro de ter dito. Paulo Paniago, jornalista na do Caderno de Cultura, devolveu educadamente: “Mas ele tinha um vozeirão!” Não sei por que gravei na memória esse diálogo, mas neste último sábado, 3 de março, recordei-me dele ao assistir ao musical biográfico sobre Tim Maia, no Centro de Convenções.
Saí de lá maravilhada e arrependida. Como a gente ignora tanto da história da música do nosso país?  E, hoje, data do aniversário de 125 anos do nascimento de Villa-Lobos, é um dia para refletir de como é importante a educação musical. Villa-Lobos, que tem um busto em frente ao Ministério da Educação (MEC), foi um dos primeiros a defender o ensino da música nas escolas públicas. Só isso basta para justificar um busto dele ali. E já me perguntaram sobre isso. Enfim, mais uma prova da santa ignorância musical de todos nós, brasileiros.




            Tim Maia era um desregrado, caçula de uma família pobre do Rio de Janeiro. Era daqueles que taxaríamos “sem futuro”. Mas Tim tinha o apoio da família e era dono de talento e duas qualidades raras:  coragem e sensibilidade para a vida. Aos 17 anos, doze dólares no bolso, foi buscar novidades musicais nos Estados Unidos. Teve contato com a música negra e, ao voltar (deportado) para o Brasil trouxe a influência “soul”.
            Antes, porém, em 1957, aos 15 anos, ele criou um grupo The Sputniks, pegando carona no satélite russo enviado ao espaço para pesquisar os efeitos da falta de gravidade nos organismos vivos. Era os preparativos finais para a primeira viagem do homem à lua. Pois o que eu não sabia, nem os cinco adultos viajados e graduados que estavam comigo, era que Roberto Carlos fazia parte do grupo. Aliás, ao voltar para o Brasil, Tim acabou compondo uma música que fez sucesso ao ser cantada pelo Rei: “Não vou ficar”, de 1969. Ah, ano em que o homem finalmente chegou à lua. Curtam!





O sucesso de Tim Maia só viria mais tarde. E como deixou falar "a voz do coração", suas músicas tornaram-se eternas. Há 14 anos, eu não sabia disso... O que dizer? Ainda bem que o tempo passa!