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Um pacotinho, para você,


Imagem: Pinterest





... de felicidade, de saúde e de otimismo.

Na virada do ano, a certeza de que tudo dará o mais certo possível.

Que sejamos sensíveis para perceber os segredos que os detalhes escondem. A vida é cheia dessas felicidades.

Até 2016!











Meus diminutivos



Azulejos na Pastelaria de Belém - Arquivo Pessoal
Depois de tanto tempo em Brasília, não trago o sotaque gostoso da terrinha, os "aqui", os "uai", os "trem" e os regionalismos que tanto acalentam a alma quando encontro velhos e novos mineiros.

Mas, não faz muito tempo, alguém me perguntou por que falo tantos diminutivos. Surpresa, não respondi, mas fiquei "matutando" se não eram esses meus diminutivos uma mistura de delicadeza com chatice. O que ele quis dizer de fato com aquela pergunta? Qual a verdade que escondia?

Mês de novembro, retornei a Portugal. Quando pisei lá pela última vez tinha metade da idade de hoje. O voltar foi como lembrar de uma outra pessoa que estivera naqueles mesmos lugares. Foi um saudosismo de mim mesma.

Mas o reencontro com a "terrinha natal", de onde, de certa forma, todos nós brasileiros viemos, foi um resposta àquela pergunta. Como os simpáticos portugueses usam o diminutivo ...

Se os mineiros oferecem o pão de queijo "quentim" e o "cafezim", os portugueses oferecem até uma"aguinha" . Não entendeu? Aguinha = diminutivo de água.

Os tantos diminutivos, em meio a uma simpatia em nos receber e ajudar, dão aquela sensação de aconchego que só encontramos na casa de nossos pais e avós. Falamos a mesma língua, é certo, mas um português só se queixou de que nós, brasileiros, mudamos algumas "palavrinhas". E assim fui anotando as diferenças: défice (e não déficit), brócolo (e não brócolis), paragem (e não parada), receção (e não recepção) ...

Na volta para o Brasil, enquanto dava uma última olhada pela janela sobre toda aquela história, abri a revista guardada na poltrona do avião. Uma das reportagens trazia uma visão do escritor Mia Couto sobre os portugueses.

Ele não falava da relação dos diminutivos mineiros e portugueses, mas enfatizava o quão gostoso era se perder em Portugal. Na simpatia exagerada em ajudar, eles nos reconfortam ao ponto de você não se importar nem um pouco em estar perdido.

Hoje posso responder que os meus diminutivos carregam o carinho herdado de um povo que nos admira. Como o pai pelo filho.