Emília deveria ser a primeira boneca de todas as meninas brasileiras.
Ela é de pano, dona de toda a curiosidade , tem senso crítico e um mundo de fantasias
naquela cabecinha sem miolo. É a mais pura tradução de um Brasil de antigamente,
quando a indústria de brinquedos não injetava novidades nas prateleiras das
lojas e a criatividade caipira reinava entre as famílias.
Ao dar vida à Emília, Monteiro Lobato imortalizou a época em que
avós e mães criavam as bonecas de pano das filhas, das netas. Hoje esse fazer
artesanal é cada vez mais raro. Guardar
retalhinhos, botões coloridos para criar bonecas e oferecê-las à uma criança é
dar início a uma nova história, como as tantas que Monteiro Lobato
escreveu.
Basta dar um tempinho à pressa e observar. A criança presenteada
, com olhos brilhando, um sorriso maior que o universo, vai sentar-se no
chão e conversar com a boneca como se ela fosse gente. São as novas Emílias que
ganham vida. Genialidade percebida por
um escritor sensível ao nosso Brasil rural do século XX.
Que tal sentar-se hoje no chão, Dia Nacional da Literatura
Infantil, e contar a história da boneca falante? Que não virou menina de verdade, como o boneco
de madeira chamado Pinóquio, mas ganhou vida para ser a única boneca gente! Uma boneca muito, muito inteligente.
Tanto que ela sabia bem matemática e a gramática do nosso português
(Emília no País da Gramática e Aritmética da Emília), um desafio para as nossas crianças de hoje. Muitas ainda não conseguem se alfabetizar até os 8 anos.