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A morte do idealismo



Imagem do Google
Em 12 de dezembro escrevi sobre a inocência de Lula diante do mensalão. Fui extremamente dura na crítica, propus um debate e revelei a minha posição:

“Ele não sabia nada sobre as propinas do mensalão? Se queremos mudar o país, que ele seja investigado. Ou o ex-presidente, que um dia me fez votar no idealismo, vai passar incólume para a história como os generais? Ditadura e democracia não podem se igualar em absolutamente nada.”

Engraçado como ninguém ergueu a voz. Quem leu, resignou-se. Talvez por essa educação regrada que nos faz calar para não contrariar.

Bom, como ontem a TV Globo exibiu Lula, o filho do Brasil, tenho um gancho para voltar ao assunto e à provocação. Desconsiderando o romantismo perfeito que emoldurou o filme, Lula é dono de uma história fantástica. Um sobrevivente, um homem. Isso ninguém lhe tira.

Mas a história passada não o absolve de fatos recentes. Lula aprendeu com a vida a importância de não ser alienado. “Não somos burros. Nós temos informação”, alimentava mentes em seus discursos aos trabalhadores do ABC. Lula fez brotar o idealismo em gerações futuras, pós-ditadura.

Lembro de um professor de geografia que tive no ensino médio que passou quase todo o ano letivo sem abrir o livro didático. “O que está escrito aí, vocês leem em casa para fazer a prova. A aula que quero dar a vocês é sobre política. Isso é que fará a diferença”, dizia à turma de adolescentes.

Lula fez nascer no meu peito o idealismo e meu coração passou a bater mais acelerado. Mas ele também fez morrer no meu peito esse mesmo idealismo. Meu coração bate hoje devagar, sem esperança. Tudo que queria era ouvir aquele homem, na sua dignidade, revelar que errou, que foi omisso (ou  ingenuamente burro).  A nação é informada, quer a verdade e um pedido desculpas.

5 comentários:

  1. Oi Rovênia,

    Que bom te ler! Seus temas são bastante interessantes. Esse então pertinente demais! Assumir os próprios erros pra mim é sinônimo de dignidade!


    Beijos!!!!

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  2. Ele deve esse pedido ao país.

    Enquanto isso:

    "Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura." (Drummond)

    Ótimo final de quinta para você!

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  3. Olá.
    Adorei o conteúdo do seu blog, muito legal mesmo,parabéns.
    Até mais

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  4. Rovênia, você tem toda a razão e por estar mais perto desses acontecimentos todos recebe mais informações do que eu. Você recebe informação de pessoas da política com quem você está diariamente. Então a sua opinião é formada em cima de coisas palpáveis. Você pode falar com propriedade e certeza. Eu estou longe da agitação de Brasília, sou influenciado pelos interesses dos Jornais televisivos e escritos que circulam por aqui. Acredito que eles não mentem, mas muita coisa eles omitem e para eu formar minha opinião em cima de suposições dos jornais, prefiro não falar nada e deixar os órgãos competentes investigarem.
    Qualquer opinião que eu emita vai ser por impulsão e influência da mídia, e você sabe que a boa informação vem daquele motorista do assessor da servente do palácio, rs...rs. Parece brincadeira mas notícia de pessoa de nossa confiança vale muito mais, não é?
    Muito bacana a sua provocação patriótica, mas sem muito conhecimento poderemos ser injustos para com muitas pessoas.
    Um abração
    Manoel

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  5. Rovênia, e há muitos que preferem acreditar fielmente que ele não se envolveria num caso como esse, pois isso colocaria em risco o império petista bem como seu cargo presidencialista.
    Não tenho argumentos sólidos, mas para mim, pelo contrário, seria ainda mais fácil que ele se envolvesse depois de toda sua história de vida e sua política populista... Só não esperavam que a casa caísse desse jeito.

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