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O Lincoln de Cuba

Imagem do Google
O que é liberdade? Passei o fim de semana refletindo sobre esse tema,após deixar o cinema com a aula de história sobre Lincoln e a sua luta ideológica pela libertação dos escravos. Congressistas corrompidos para aprovar a emenda constitucional que assegurasse a igualdade entre homens brancos e pretos. 

Somei as ideias do filme às que havia lido recentemente, a opinião de um amigo sobre o caso da blogueira Yoani Sanchez e o regime de Fidel Castro. Ele discorreu sobre os anos de ditadura que viveu, sobre os colegas universitários torturados, sobre o clima de tensão. Concluiu que nós, brasileiros, ainda vivemos uma democracia pobre, em que não sabemos ouvir e respeitar a opinião dos outros. Sobre isso, não há o que discutir. 

Mas esse meu amigo confessou a não curiosidade de visitar Cuba, e sua antipatia por um regime antidemocrático. Nesse ponto apresento meus argumentos. Sou da geração pós-ditadura. Felizmente porque se tivesse vivido os anos de chumbo seria grande a chance de não estar aqui para expor a minha opinião. 

Ao contrário do meu amigo, eu gostaria, sim, de conhecer Cuba e, quem me dera, o próprio Fidel. Não sou tiete dele, aviso logo, mas numa conversa poderia expressar o que acho de toda essa história. A luta de Fidel é invejável. Ele não deixou o seu país e o seu povo se curvarem ao poderio norte-americano. O embargo econômico e o isolamento da ilha levaram o povo cubano a dar exemplos de superação para o resto do mundo: na educação, na saúde, no balé. Sim, os bailarinos cubanos são excelentes.

O cineasta Michael Moore, o mesmo do famoso documentário Tiros em Columbine, visitou Cuba com sua equipe e oito doentes graves dos EUA com dificuldades em conseguir autorização dos planos de saúde para sobreviver a doenças, inclusive o câncer. Em Cuba conseguiram ser medicados. Os pacientes norte-americanos se surpreenderam com os preços acessíveis dos medicamentos, do tratamento de qualidade e disponível a todos, realidade muito distante dos Estados Unidos, onde o capitalismo é puramente voraz. 

Como seria a história de Cuba se a revolução de Fidel tivesse fracassado? Mais um país caribenho assolado pelas precariedades sociais? Uma República Dominicana, onde as crianças jogam beisebol nas praças públicas, há McDonald's em cada esquina, uma população pobre em contraste com os resorts de luxo e as mansões construídas por astros hollywoodianos em meio à natureza exuberante que fez Cristóvão Colombo acreditar ter chegado ao paraíso? 

Que liberdade os dominicanos têm? São reféns da dominação. Não são exemplos para o mundo. Se eu pudesse entrevistar Fidel Castro, faria uma reverência, em respeito ao seu idealismo. Embora, tão assim como o de Lincoln, ter sido mantido à custa de mortes e sacrifícios. Mas foi puro, nasceu do peito, da bravura. Como não admirar essas histórias? Infelizmente, quase sempre é doloroso demais mudar o rumo da história.
Depois da reverência, faria a primeira pergunta:

- Comandante, o mundo é outro, globalizado. E os Estados Unidos não são mais os donos do mundo. Os "americanos" sofrem com desemprego, pedem esmola aos turistas. Não seria a hora de Cuba dar outro exemplo histórico ao mundo? O senhor não gostaria de entrar para a história novamente decretando a democracia em Cuba? O senhor seria como o Lincoln... 

3 comentários:

  1. Oi, Rovênia! Obrigada por seu comment lá no blog ;)

    Acompanhei um pouco sobre a visita da blogueira, e achei um absurdo as manifestações contra ela. Acho que a experiência de uma nativa cubana, que realmente sabe o que se passa no regime do país onde ela mora, deve ser respeitada, afinal, nós brasileiros não vivemos este tipo de regime, não sabemos como a vida funciona naquele país. Mas concordo com vc quanto ao mérito de Fidel Castro: Cuba forma os melhores médicos, acho que do mundo, e há o mérito de não se curvar diante do imperialismo e transformar-se na República Dominicana, como vc mencionou!

    Gostei muito da discussão ;)

    Beijão!

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  2. Pois é!
    Acho que vc falou tudo.
    Que Fidel lhe ouça e novos passos sejam dados na história.
    Que nós tenhamos vergonha do ocorrido com a blogueira em nosso território, independente dos culpados, tínhamos que ter feito no mínimo nosso papel de civilizados.
    Ando desanimada, com nenhum político, descoberta, discurso, banda, cantor, livro com ares, força, inspiração de capítulo a ser reverenciado na história.
    Vi o filme e quero muito ver de novo e achei politicagem total ele não ter ganho o óscar, prova de que os Estados Unidos seguem independentes, conchavistas, ainda que fracos das pernas, ditando o tom na política, entretenimentos, redes de fast-food que agora dão o endereço de onde vem seus produtos via i-phone, ai! ai! Tio Sam e sua pose de primo rico.

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  3. Compartilho tua opinião.

    "!Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás!"

    Ótima semana para você!

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