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Absurdos no ar



Hoje, na hora do almoço, meu colega de trabalho pediu para desligar a tevê. Alguém está acompanhando a novela? Ninguém lembrou de apertar a tecla do “off” quando o Jornal Hoje chegou ao fim. Eu disse que ele devia aproveitar para assistir à reprise e saber o que acontece no mundo das novelas. Intelectual, autor de versos, fez aquela cara de educado e nem respondeu.

Mas sabe de uma coisa? Dar uma olhada de vez em quando nas novelas globais é importante, sim. Dia desses, assisti a um dos capítulos da novela que vai ao ar depois do Jornal Nacional – Fina Estampa. Que engraçado, a novela não combina com o título de jeito nenhum. [E coitado do CD em espanhol do Caetano Veloso que tem o mesmo nome... ] 


Enfim, é um absurdo ouvir a Tereza Cristina, personagem de Cristiani Torloni, xingar literalmente o personagem homossexual, o Clô, interpretado por Marcelo Serrado. Até agora, não li críticas sobre isso e muito menos políticos evangélicos, católicos e simpatizantes discursarem no Congresso Nacional sobre o tema.

Gente, não pode ser “normal” ouvir palavras como “biba” e “viado” desferidas assim, como se fossem aceitas e usuais na sociedade de hoje. Vá eu ou você falar assim com um colega homossexual. Ninguém gosta de ser ofendido, desrespeitado nas suas diferenças, e isso é crime! Cadê os promotores de Justiça desse país que não enxergam isso?

Lembro que há três ou quatro anos os jornais de Brasília receberam um “puxão de orelha” do Ministério Público do DF por não colocarem a faixa etária indicativa nos textos que anunciavam a programação cultural (cinema e teatro) da semana na capital federal. Logo depois, meu filho de 10 anos foi barrado no cinema e não pôde assistir, comigo e o pai, ao filme do Homem Aranha porque a faixa etária indicava 12 anos.

Em Fina Estampa, o filho de Quinzé (Salvador Malvino) e Teodora (Carolina Dickman), que deve ter uns quatro ou cinco anos, acompanha as brigas surreais dos pais com palavrões do quilate de piriguete e vagabunda. Será que os dois atores, que são pais, não questionam que uma criança da idade do Quinzinho não sabe discernir realidade de ficção? Cadê o Juizado de Menores que não vê isso? Estamos mesmo perdidos... ainda mais quando o que vem a seguir é o Big Brother.

Um comentário:

  1. Nada diferente do que acontece em milhares de lares e/ou no cotidiano de milhares de brasileiros. Precisamos reinventar a televisão ou recriar a humanidade?

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