Páginas

Translate

Caminho nada suave


 
 Fim de ano chegando e a gente vai descobrindo, com gerúndio e tudo, como estamos ficando velhos depressa demais, não? Jovem Guarda... Tudo bem, vá lá, não é da minha época, mas como era da juventude dos meus pais, ouvia minha mãe cantarolar músicas da Martinha, Vanusa,  Celly  Campello, Wanderléa, Roberto e Erasmo e Silvinha e quem mais?

Neste fim de 2012, a mostra cultural do colégio das gêmeas, de oito anos, será sobre a Jovem Guarda e a Semana de 22. É impressionante como as músicas daquela época embalam gostos eternos. Elas já aprenderam a cantar os refrões e estão doidas para experimentar os vestidinhos rodados de poá.

Tomo um banho de lua, fico branca como a neve
Se o luar é meu amigo, censurar ninguém se atreve
É tão bom sonhar contigo, oh! Luar tão cândido


Era um biquíni de bolinha amarelinha tão pequinininho
Mal cabia na Ana Maria

Ele é o bom, é o bom, é o bom
Ele é o bom, é o bom, é o bom


Ave Maria, cheia de graça. Ultimamente é o que tenho ouvido. E com pedido de bis:

- Mamãe, queriidaaa, você pode gravar num CD pra gente cantar direitinho? Pode? Pode?

Para aliviar,os dois livrinhos bacanas para a Semana de Arte Moderna. Uma, que adora o bicho de pelo macio, vai ler O Mistério do Coelho Pensante, de Clarice Lispector. A outra já descobriu que Monteiro Lobato fazia críticas a Anita Malfatti. Dizia que ela não sabia pintar.

Tudo isso, em meio às provas finais do 3º ano do ensino fundamental das meninas. Nesta sexta-feira, vêm as duas piores: de matemática e a de inglês do cursinho de línguas.

No meio de toda essa efervescência, há o anúncio do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic). É triste pensar que nesse nosso Brasil, 15,2% das crianças que têm a mesma idade das minhas filhas ainda não estão alfabetizadas: não sabem ler, escrever e dominar as quatro operações básicas ao final do 3º ano, aos 8 anos de idade.

Tudo isso faz refletir em como a educação evoluiu para as crianças mais ricas, que podem estudar em colégios particulares.  Para os filhos da geração Jovem Guarda, a alfabetização começava aos 7 anos, em cartilhas, método silábico. Hoje, aos 8 anos, os netos da geração musical embalada por Roberto e Erasmo já são donos de conhecimentos avançados e capazes de se comunicar numa segunda língua. 

A educação pública no Brasil precisa avançar páginas e páginas! 


Enquanto isso, vamos curtir um pouco?

 

3 comentários:

  1. Rovênia, muito bacana essa postagem de recuerdos. Faltou o Simca Chambord do Garrincha, rs...rs.
    Bjs
    Manoel

    ResponderExcluir
  2. Boa noite, Rovênia.

    Triste constatação, essa da realidade da educação brasileira.

    Respeitoso abraço!

    ResponderExcluir
  3. Este paralelo, traçado com maestria entre educação e a música é magnifico e critico na medida certa; Para que algo aconteça, realmente, temos que fazer nossas cobranças.O brasil só será o que queremos com senso critico apurado e conhecimento.Beijo de quem lê e curte seu blog.:-BYJOTAN.

    ResponderExcluir

Faça o seu comentário!