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Efeito gelatina

Duzentos e cinquenta mil em ação! Pra frente, Brasil! Salve o quê? Diante das manifestações que as redes sociais - os novos líderes do povo - levaram às ruas,  precisamos pensar. Melhor, precisamos tentar entender.  
Imagem do Google

Conhece gelatina? Aquela sobremesa gostosa de ver, que parece ter consistência, mas é fluida, tem cor e quase mais nada a oferecer? Pois então, de certa forma é essa a imagem dessa soma de povo nas ruas de todo o Brasil. E nem é preciso refletir sobre protestos pacíficos ou violentos. A questão é maior, bem mais complexa.

Temos uma massa perdida, que não sabe ao certo o que quer. Reivindica um pouco de tudo. Reclama um pouco de tudo. Do outro lado, temos as forças de um poder também sem entender, sem saber o que dizer, o que fazer, como negociar. Uma massa perdida dentro da democracia. 

Democracia? Democracia pós-modernismo que os sociólogos atuais estudam há tempo:

"Hoje não existem mais projetos sociais; não existe mais debate social. Que país discute a educação? Só dizem que vai mal. Que país discute a democracia? Só dizem que não existe mais. Estamos numa situação histórica que marca o fim daquilo que foi o modelo europeu, sob o qual muitas pessoas ainda vivem no mundo, de um jeito ou de outro, inclusive no Brasil, e a pergunta que fica é: hoje existem forças capazes de resistir ao vasto poder da economia financeira global?" (Alain Touraine)

"O Estado, a única instituição política que temos, não tem poder suficiente para manter todas as promessas que 50 anos atrás foram feitas aos cidadãos. E essa foi a era de ouro da democracia. Nos 30 anos do pós-guerra ocorreu uma proliferação e florescimento da democracia ideal. Agora, a democracia está em decadência. Cada vez menos pessoas estão realmente convencidas de que seja uma coisa boa. E tem dúvidas a respeito da qualidade da democracia. Por quê? Simplesmente porque o Estado relativamente sem poder consegue oferecer cada vez menos aos cidadãos. " (Zygmunt Bauman)

Ponto positivo: o brasileiro vai às ruas, abandonou a passividade. Mas é uma reivindicação generalizada como os discursos dos políticos. Vivemos no pleno caos da democracia. As ideologias espatifaram-se. A sociedade precisa de novas ideias. Essa mobilização, sim, daria prazer de ver nas ruas. 

12 comentários:

  1. Sabedoria aqui em tuas palavras.

    O povo foi às ruas, grita( e deve gritar, reclamar muito), mas muitos nem sabem ao certo por que estão lá! São levados pela massa.

    Se mexem de um para o outro lado, como a gelatina...( Só que a gelatina não faz mal, não danifica patrimônios...)beijos,chica

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  2. Eu estou perplexa com este movimento. Procuro explicações, informações sobre o que está acontecendo e não consigo chegar a uma conclusão porque parece haver um descontentamento geral, mas qual o objetivo? Como resultado, surge apenas um clima generalizado de insatisfação política, raivoso, intenso, insolúvel e incontrolável.

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  3. voltei para dizer que vou compartilhar. Li novamente e esta denominação foi fantástica.

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  4. Eu sei que vejo meu filho adolescente se interessar pela política e eu posso junto com ele ainda ter esperança de que com boa orientação, discernimento e coragem podemos mudar [o que me assustava era o marasmo. era a indiferença]

    Não em preço: ver a Globo se justificar, em pleno Jornal Nacional, depois de ter demonizado o povo brasileiro, nas ruas.

    Não em preço: ver o governador de SP elogiar os manifestantes, depois de ter autorizado a repressão, contra eles.

    Não tem preço: ver a policia de coldre vazio, para mostrar que não iria atirar, depois de ter alvejado olhos, braços, e pernas, da nossa população.

    E, finalmente,

    Não tem preço: ver o povo brasileiro consciente da sua força, e em busca de um novo país.


    um beijo

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  5. Pensar
    Entender
    Se organizar
    Agir
    Mudar
    Sair do face, ir para as ruas, já é uma mudança
    Que hajam frutos!

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  6. Muito legal o seu texto!De fato, o povo está feito gelatina, barata tonta...mas foram tantos anos se calando que só por sair ás ruas para protestar pra mim já é um milagre!...rss...bjs,

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  7. Concordo viu, Rovênia!
    Mas eu já estou achando incrível algo estar diferente! As pessoas saírem de casa!
    Espero muito que de agora pra frente, as coisas não parem, mas melhorem. Que exista mais foco, mas que o ânimo continue!

    Um beijo
    www.fizdecanetinha.com

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  8. Já tá lindo o que está acontecendo!

    Claro, precisamos de mais, mas já deu pra ver que sempre terá alguém pronto para gritar agora!

    Beijao pra vc!

    Texto muito bacana!

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  9. Não concordo completamente com o que diz..acho que o povo,pelo menos à maioria sabe o que quer..políticas públicas que melhorem a qualidade de vida da população,corrupção, respeito pelo cidadão..acho justo e é melhor termos um ato desses, de maneira pacífica, é claro, do que ficar na inércia vendo o descaso com o povo brasileiro..de algum modo tem que começar..manifestações são forma de dizer que não concorda com o que está aí no governo. Espero sinceramente que aja algum resultado. Abraços.Sandra

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  10. Oi, Rovênia! De certa forma, está certo que isso tá tudo uma bagunça.

    Essa reunião de motivos que vem sendo falada levou o povo às ruas com certa fúria. É um pouco difícil criar uma reunião para definir uma ata, por exemplo, ressaltando os pontos importantes a serem cobrados do governo, numa cidade como São Paulo. Mas, à partir do momento em que os manifestos começaram, deveriam ter direcionado o protesto a um alvo e não a várias coisas. O que o país quis ressaltar, então, foi o começo de um tempo novo. Assim eu vi. Mas esse país de protesto não sabe ainda se vai voltar a dormir. No fogo dos protestos, estava acordado. Mas e agora com a redução das tarifas?

    Aqui em Ribeirão Preto, na terça, foi realizada uma reunião com a população que pudesse comparecer a fim de definir pontos a serem cobrados à prefeitura. Todo nosso objetivo está claro, pelo menos aqui. Só esperamos que eles escutem hoje, no primeiro protesto da cidade.

    Abraço!

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  11. Rovênia, após ler sua postagem passei a entender tudo isso. É exatamente o que explicou. Muito bem colocado o exemplo da gelatina e também isso:
    "Mas é uma reivindicação generalizada como os discursos dos políticos."

    A partir disso passamos a entender que não entendemos nada. Para nós é algo muito complexo.

    Adorei sua postagem, moça!

    Valeu!

    Um abraço
    :)
    Manoel

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  12. Gostei de sua reflexão Rovênia.
    precisamos ter foco. Saber qual é o nosso destino!!!

    Abraço!

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