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Bom senso e direito

Imagem/Pinterest
A educação excludente e histórica no Brasil está encrustada no nosso cotidiano. Antes de sairmos de casa, é preciso engolir um comprimido de Passiflora para aguentar os maus exemplos jornada afora. Mas ainda assim serão necessários respirar fundo, contar até dez e relembrar as lições do catecismo para manter a civilidade sobre controle. 

A educação elitista desde os tempos da reforma pombalina em 1759 -  e a consideração de que "gente miúda não precisava educar-se para as lidas" - reproduzem nos nossos dias uma altivez nada nobre. Somos muito mal-educados e precisamos não só nos desviarmos dos abusos alheios como dar os nossos bons exemplos. Quem sabe assim não vamos ensinando novos comportamentos e nos salvando de amolações?

Dizem que Brasília parece cidade de primeiro mundo porque os motorizados param para os pedestres. Isso é verdade. Mas experimente dar seta para mudar de faixa. O motorista lá atrás vai acelerar para não te dar a vez. Então, deixo-o passar e depois, se der, pegue a faixa e entre no retorno. Se não, percorra mais alguns bons metros até o próximo retorno. Fazer o quê?

E a preferência do nosso jeitinho? Você está numa fila qualquer e chega a pessoa com o jeitinho brasileiro, que é o jeitinho de incomodar. Como se ele estive numa situação de mais pressa que a sua ou se a pergunta dele fosse tão rápida a ponto de não te atrapalhar. O problema é que o atendente te ignora para atendê-lo. Ou seja, a prioridade é para o jeitinho. Você que já esperou tanto que espere mais um pouco. Agora, vá fazer isso nos Estados Unidos, por exemplo. O atendente simplesmente não enxergará o jeitinho brasileiro a espalhar suas palavras bobas pelo ar. A prioridade é pra quem, de fato e por direito, esperou pela vez na fila. 

E o direito dos sexagenários, aposentados e em boa forma? Não apresentam sintomas de estresse nem debilidade que os impeçam de enfrentar as filas diárias. "Trata-se de um direito!" A exclamação é deles e a justificativa decorada. Contra a lei não há remédio. Mas a interrogação é minha. E o bom senso? As mães com crianças, que correm de um lado para o outro, e esperam aflitas pela diversão na fila do cinema? Pelo bom senso não deveriam ter a prioridade? Não, não tem jeitinho e nem direito na lei. 

De tudo que sei é que dar a vez no trânsito já é um avanço do bom senso. Sou capaz de parar o carro para fazer a gentileza. "Faça-me o favor ...".  Os mal-educados se surpreendem com a preferência concedida e levantam o dedão em sinal de agradecimento. E eu sorrio de dentro do meu carro. Entre o bom senso e o direito, salvemo-nos a nós mesmos nesse nosso furioso dia a dia. 


Boa semana!

13 comentários:

  1. A educação é uma coisa muito importante e abrange tantas coisas...

    Super bjo,

    blogcoisinhasdaduda.blogspot.com

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  2. Rovênia,falta muito ainda em termos de educação , tanto de casa quando do trânsito e a circulação de pessoas e seus direitos que se cruzam, não é simples...Sempre alguém se sente lesado! É fooooooooogo! bjs,chica

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  3. É preciso sim, muita educação, mas a sensibilidade, o sentimento de respeito pelo amor em si está distante do corpo social! abraços

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  4. oi Ro

    O jeitinho brasileiro me incomoda, pq só vejo falta de educação.
    Todo mundo quer tirar vantagem, ninguém é solidário.
    Esse é o nosso mundo e a nossa realidade =/

    bjokas =)

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  5. Bom dia Rovênia.. a educação esta sem chão... a prima do pai que é professora na capital Porto alegre.. disse que os professores até querem passar algo mais. mas quando chega a lista de livros o ministério maior rejeita e diz que vão ter de dar só até certo ponto.. e outra elas não podem reprovar ng.. .. o sistema não deixa.. só precisa do nosso voto e para piorar ainda dão mil formas de controle começando com o celular.. estão criando doentes e faz tempo já.. esperamos que isso mude.. tenha um lindo dia abraços

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  6. E assim o pobre e o rico continuam distantes...

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  7. Rovênia, falar em educação, gentileza e bom senso neste país é, do meu ponto de vista, assunto muito complicado. Parece-me que se procurarmos muito, encontraremos alguns dotados de tais qualidades - verdadeiras "jóias raras". Penso que isso se deve à cultura do povo (ou a falta dela).

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  8. Bonjour,
    J'ai lu ton billet avec intérêt et étonnement à la fois car j'avais l'image du Brésilien, plus cool et moins stressé ! Un petit bémol, pour ce qui est de l'instruction, ce n'est pas parce que l'on a eu la chance d'en avoir, ou m^me qu'on est instruit que le savoir-vivre est acquit. Je connais des petites gens qui ont un savoir-vivre délicieux et des personnes instruites dont le mépris et la goujaterie atteignent des sommets dans la vie. Comme quoi, la France ne fait peut-être pas le Brésil mais la nature humaine reste souvent ce qu'elle est : faites ce que je dis mais ne faites pas ce que je fais.

    Bien amicalement.

    Roger

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  9. Rô tenho uma tia que é deficiente, e acompanhada da sua irmã, tentaram estacionar numa loja. Eis que um homem, ou melhor, uma criatura muito mal educada, estava estacionado no lugar para deficiente sendo que ele não era deficiente. Minha tia chamou a atenção dele dizendo que ela teve que estacionar longe da loja pois ele havia ocupado a vaga que deveria ser dela. Sabe o que ele disse? A senhora é deficiente mas tem uma língua bem grande.E ele ficou alí, estacionado. Quando ela me falou isso, eu chorei. Eu sei da dificuldade que ela tem, Ela é minha tia, minha madrinha e madrinha do meu filho. Uma senhora extremamente querida e doce e teve que passar por essa situação... Sabe, quando me deparo com pessoas gentis e educadas, eu me apaixono.

    Rô, quanto ao livro, em um dos comentários que fiz (não lembro qual post, mas faz um tempinho...) eu pedi o livro... não sei o que aconteceu...heheeee
    Vou mandar e-mail.:))Beijo grande!

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  10. Passando agora a noitinha só pra te abraçar e voltar depois pra ler a beleza dos seus textos.
    Ficar fora daqui é bom porque dá um descanso do teclado mas perdemos boas leituras dos amigos,Adoro ler _ não vivo sem ler rs
    bom domingo Rovênia
    _estou tentando voltar _ o tempo também anda escasso .

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  11. Melhor opção mesmo Rovenia!
    Eu tb paro para os apressadinhos, prefiro me preservar do que sofrer com a violência de um acidente.

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  12. Povo educado é povo exigente. Por isto, para aqueles que ocupam cargos de poder, é melhor que nossas escolas formem "alunos que passam no vestibular" do que pessoas conscientes dos seus direitos e deveres. Assim, geração após geração, poucas são as mudanças e repetimos os mesmos erros.

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  13. Com efeito,

    Falta-nos bom senso e educação. E como hoje estou Quintanesco, quanto ao trânsito: "a esperança é um urubu pintado de verde".

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