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Plena de nós


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"Educação não é privilégio."
Anísio Teixeira
Imagine a seguinte situação: um carretel em que você vai desenrolando a linha. Uma linha que nunca chega ao fim e que vai produzindo um emaranhado daqueles. Você nem acaba de desenrolar e precisa, ao mesmo tempo, começar a enrolar a mesma linha que, agora, corre o risco de criar nós. Não é complicado? 

Pois assim é a situação educacional no Brasil. As elites empoleiradas no poder agiram egoistamente. Proclamaram uma educação pública para todos, mas enganaram-na com modelos importados não condizentes com a nossa realidade, currículo amplo e vago e que não conversava com as necessidades produtivas do país. Criaram a escola de turnos com a desculpa de que, assim, com menos tempo de aulas, haveria mais vagas. 

Proclamaram um acesso democrático sob uma falsa universalização. O propósito real era de que as classes populares desistissem da escola no ensino secundário, antes de chegarem às universidades. Os filhos da elite estudariam em escolas privadas, com suposta melhor qualidade do ensino. Asseguravam-se, portanto, a imobilidade social e o apartheid, não declarado, nas escolas.  

A história mostra hoje, claramente, o tiro no pé que a elite deu em si mesma e no país. Prejudicou a educação de todos. O Brasil busca um lugar entre a pujança internacional, mas não tem condições de competir. Sem concorrência, a escola privada de nível médio não enfatizou qualidade e barateou a mensalidade para aumentar as matrículas. Continua desarrumada, com altos índices de evasão porque oferece um currículo enciclopedista e desconectado com a realidade.

A criação de duas escolas resultou em reprovação para todos. As elites astutas desconsideraram que as classes mais populares sonhavam também. Quiseram a mesma educação oferecida aos ricos por acreditarem que fosse a melhor chance a um futuro promissor. No egoísmo das políticas de exclusão, as classes dominantes afundaram elas mesmas e todo o país. Temos uma educação plena de nós.

9 comentários:

  1. oi Ro

    A questão da educação ainda é muito triste, vejo crianças fora da escola envolvidas com a marginalidade.
    Vejo crianças tendo sua infância roubada, tendo que trabalhar.
    Vejo escolas precárias, educação deficiente.
    Eu só não vejo os governantes fazerem nada, o salário dos professores é baixo, os concursos públicos exigem demais do concursado.
    E a educação está do jeitinho que a gente vê.

    bjokas =)

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  2. Como ouvi ontem Viviane Mosé dizer: as escolas públicas não deviam ter muros, deviam estar de portas abertas para quem não está matriculado nelas: pais, irmãos, vizinhos, passantes, para que estar nela se torne um desejo, para fazer dela um espaço participativo, crescente, educacional, cultural, sentimental, social, vivo.

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  3. Importante e contundente reflexão, Rovênia.

    "Dizem que a História é a mestra da vida. Mas como é que os seus protagonistas incorrem sempre nos mesmos erros? Não lhes aproveitou em nada o exemplo das reprovações anteriores.
    Ou talvez lhes aconteça o mesmo que com os leitores de novelas policiais: cada qual sonha com o crime perfeito. O crime que compensa."
    (Quintana)

    Ótima semana para você!

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  4. A educação no Brasil é cheia de nós mesmos e cada vez me parece mais difícil desatá-los!

    Aumentam número de anos, modificam, passam para 9 anos o ensino fundamental.No final ,nada diferente que antes, nos 5 anos primários e o ginasial, com 4.

    Querem enrolar, enrolar ...Pequei apenas UM exemplo, mas assim é com tudo!

    beijos,lindo teu texto! chica

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  5. ROVÊNIA,

    excelente postagem!!!

    Precisávamos de mais textos como estes na blogosfera.

    Parabéns!

    Tenho sentido a falta da sua presença no nosso blog HUMOR EM TEXTOS.

    Sinto sempre falta quando a inteligência se afasta de mim.

    Quer que eu minta?

    Um abração carioca.

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  6. Realmente Rô. E, como professora, te confesso estar no meio desse alinhavo é doloroso demais! A gente acredita, digo por mim e por aqueles que acreditam comigo, a gente luta, a gente corre atrás, mas às vezes as linhas viram buracos negros...

    Já me peguei várias vezes questionando sobre o meu devir dentro da escola. Sobre estes montes de conteúdos de "aplicamos" sobre o cansaço que temos e sobre o resultado mínimo que recebemos... É preciso sim mudar o foco de nosso olhar. E só conseguiremos isso se fiarmos juntos os tecidos que estas linhas podem nos dar.

    Adoro refletir contigo!
    Um beijo Enorme viu!

    Pensamentos Valem mais que ouro
    Nós poéticos e Literários

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  7. Verdade, o Brasil esta sem condições de competir com outros paises, a educação está muito precaria, poisé esse é o país da copa :p

    blogcoisinhasdaduda.blogspot.com.br

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  8. E não é preciso ir longe ou buscar muito para encontrarmos exemplos de como o país errou e continua a errar nas políticas educacionais. Uma lástima.

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  9. Boa tarde Rovênia.. a educação não só aqui mas creio que em muitos outros países esta muito abaixo devido ao controle.. hj em dia as pessoas não são mais obrigadas a forçar a cabeça;; vivem no celular dentro das salas.. é sempre a mesma coisa.. a elite pelo que já pude ouvir faz conta a mão.. filhos de ricos, multimilionários não sabem o que é celular pq eles sabem como controlar as pessoas que acabam pq se sentirem felizes e vazias.. a coisa tá bem complicada.. abraços

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