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Fé sem limites




Num país onde a maioria da população é de católicos, defender o ateísmo como o britânico Richard Dawkins, um biólogo aliado às ideias de Charles Darwin, é se deparar com caras de espanto à nossa volta. É como se estivéssemos todos postados de joelhos diante de um elefante chamado religião. Como assim, você não acredita em Deus? Os olhos dos fiéis inquisitores queimam os descrentes, reais pecadores.
            Esta semana, alunos do ensino médio do Maristão,colégio católico em Brasília, foram postos diante desse desafio após assistirem ao filme A Fé Cega – Deus um delírio. O cientista  lança várias reflexões sobre a alienação e os perigos impostos pela fé cega da religião que ameaça o século 21 – século que deveria ser dominado pela razão.

 


            Em pleno século atual, convivemos com os homens-bomba. Homens dominados pela fé islâmica que acreditam que matando por Deus terão garantia de um lugar no céu dos mártires!  Mas para Dawkins, esse não é um absurdo só do islamismo, mas também de religiões como o judaísmo e o cristianismo que alimentam um não pensamento chamado “fé”.
Segundo ele, a ideia de um criador divino “desconsidera a elegante realidade do Universo”. Há de se questionar essa tese também, não? Nem a religião e nem a ciência puderam explicar a origem do tudo a partir do nada. Esse continua sendo o grande mistério do universo.
Mas é preciso concordar que, em pleno século 21, as pessoas se apeguem a essa fé irracional e esqueça a razão, a filosofia. “A fé religiosa condena o pensamento independente, causa dissensão e é perigosa”, conclui Dawkins. Nisso não há como ser contra. Na visão do cientista, os fieis usam a fé como muleta.
Eu há muito desisti das amarras da Igreja Católica. Desde os 15 anos, quando um padre não quis me ouvir na confissão, às vésperas do dia da crisma.
- Você deveria ter vindo mais cedo!
Fui atrás dele, na sacristia, explicar que contar meus “pecados” era algo que amendrontava e, embora tivesse chegado bem antes do encerramento do horário, havia deixado todos passarem à minha frente. Ele foi impiedoso.
- Não tenho tempo!
Lembro dos olhos calados e piedosos das beatas que me acompanharam até o apelo. Voltei para a casa aos prantos, consciente de que Deus tinha me absolvido dos meus pecados bobos. E o padre? Como ficou diante de Deus?
A partir desse dia, decidi que não precisava da igreja e de seus limites para fazer o bem.


Um comentário:

  1. Boa tarde, Rovênia!

    É impressionante como a religião que nos é oferecida ainda na infância, por toda a vida passa a exercer uma incontida correnteza de dogmas dentro de nós, que tudo quer arrastar, sem permitir que nos demos conta de que os rios inevitavelmente correm para o mar: Deus. Sem subterfúgios e sem intermediários.

    Daí a necessidade de algum acontecimento em nossa vida, para questionarmos o limite e o sentido de nossa fé, bem como a direção que damos a ela.

    Tua experiência foi ímpar, Rovênia, divisor de águas para você, eu notei. Alguns podem passar a vida inteira sem se permitir a chance de refletir ou questionar.

    Um abraço amigo e de respeitosa admiração!

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