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As chaves do coração

Há um século nascia Albert Camus, Nobel de literatura em 1957. Infância pobre que lhe enriqueceu a vida e a escrita. As aspas são do autor em "O Estrangeiro", primeiro romance, escrito aos 28 anos. O itálico é grifo meu, traduz o sentimento da leitura.


Imagem da internet

"Eles têm a aparência da mesma raça e, portanto, se detestam."

Quando intimamente nos abandonamos, resta-nos a rudeza.
Por isso, o velho batia no cachorro, insultava-o.
Quando o perdeu, viu nascer aquela dor profunda e incurável.
A amargura matara o amor, a chance de uma solidão pacífica.
Então chorou pela alma dura que teria ainda que suportar.
A solidão assombrava, impiedosa, doía e roía-lhe a paz.



"Ele andava com muita dignidade, sem um gesto inútil!"


O outro velho arrastava-se, mancava atrás do cortejo.
A idade não deixava-o estar mais próximo, atrasava-o.
Mas soube aguardar a sabedoria. Deixou-se amar, entregou-se.
A ela deu o privilégio de amar todo o resto que lhe sobrara.
Não chorou. Não precisava. A alma tinha ido com ela, em comunhão.
Ele habitava a plenitude, a paz imensa trazida pela solidão.




15 comentários:

  1. Bom diaaaa Ro

    o coração endurecido é a pior coisa, a pessoa passa não ver a beleza da vida.
    Solidão então é triste demais.

    bjokas =)

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  2. Fico maravilhada aqui. Lindas frases do autor e os teus cometários em versos, lindíssimos!Intensos! beijos,ótimo dia,chica

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  3. Lindo!
    Colhemos o que plantamos e quando amamos e deixamo-nos amar, tudo que pesa, é dividido, diluído, tudo é diferente.
    Paz, amor, comunhão e divisão por ai, nas igualdades e diferenças :)

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  4. Nossos corações não podem serem endurecidos.
    Temos que doar amor,para que sejam sempre amolecidos por essa doação de amar.

    bjs amiga Rovênia.
    Carmen Lúcia-mamymilu

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  5. Tão "profundo" isso, Rovênia, e nos leva a grandes reflexões.
    Quando a alma fica enrijecida perde-se tanto da vida... na verdade, perde-se a vida.

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  6. Nossa que lindo... Palavras assim sempre massageiam a alma e nos fazem refletir em como estamos levando nossas vidas!

    bjsss flor!

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  7. Olá,
    Perfeita reflexão, se o amor for alimentado diariamente, este torna-se doce sem limite, significa que o coração fica mais sensível, evitando assim, que o coração fique duro e indiferente.
    Abraço
    ag

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  8. Li 'L'Etranger' em francês.

    Um livro marcante.

    Beijos

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  9. Mas isso é verdade... "Quando intimamente nos abandonamos, resta-nos a rudeza."

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  10. Bonita homenagem, Rovênia. Seus grifos, idem.

    Mundo pequeno, para um trabalho acabo de ler o 'Mito de Sísifo', na versão do Camus.

    Um abraço!

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  11. Boa tarde, Rovênia. Lindíssima postagem.
    Um coração quando endurecido, não aceita os fatos da vida, cria em si mesmo raiz profunda de amargura, que independe da idade, mas que em idos anos, pior fica de se conviver.
    Ainda bem que existe a sabedoria no outro coração, que se desprendeu de todo o sentimento nocivo, vendo-se liberto do que não era saudável, este ser vivem em alma pura.
    Amei!
    Beijos na alma e linda se mana de paz!

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  12. Deixou-se amar e aguardou a sabedoria.
    Ah os que conseguem se deixar amar...
    beijo

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  13. ...coração de esfinge é terrivel!



    Beij0

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  14. Os comentários enriqueceram muito a "visão" dos escritos =)

    bjos

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  15. Como é interessante a leitura de cada um!
    e nada como abrir o coração... e deixá-lo livre ...

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